Pule para a boa forma
Donas de corpos esculturais, as atletas do salto com vara inspiram treinamentos para quem quer conquistar uma musculatura forte, delineada e longilínea.
Deborah Bresser
A russa Yelena Isinbayeva, ouro no salto com vara nas olimpíadas de Pequim, retomou sua rotina de recordes mundiais. No Meeting de Donetsk, realizado na Ucrânia no início de fevereiro, a atleta - que já possuía a melhor marca indoor no salto com vara ao estabelecer 4,95 metros na competição do ano passado - chegou aos 4,97 metros no primeiro salto e, não satisfeita, atingiu os 5 metros na segunda tentativa. Esta é a 26ª vez que Isinbayeva estabelece marca mundial no salto com vara e está se tornando a maior saltadora de todos os tempos, ficando perto do legendário Sergey Bubka, que quebrou recordes mundiais 36 vezes. Não são só os resultados da russa que chamam a atenção. Yelena é dotada de uma beleza fora de série, desfilando formas esculturais pelas competições. O corpo de Fabiana Murer, a representante brasileira na modalidade - que ficou em segundo lugar na competição, com 4,81 metros - também é um acontecimento. O segredo delas? Saltar, saltar e saltar. “Os saltos desenvolvem força e potência muscular e têm se demonstrado eficientes na melhoria das capacidades físicas e no aumento da massa muscular. Pular trabalha os músculos dos glúteos, pernas, abdome, peitoral, costas e braços”, explica o professor José Alexandre Filho, personal trainer da academia Pelé Club.Atingir o corpão das meninas é uma meta ambiciosa demais para quem não vive do esporte. “Uma atleta de alto nível como a Fabiana chega a treinar sete horas por dia, dependendo do período do ano”, lembra Elson Miranda de Souza, técnico de Fabiana há 11 anos e personal trainer na Fórmula Academia, onde, garante, trabalha com suas alunas na busca por uma musculatura semelhante à de uma atleta. “Não é preciso ser uma saltadora com vara para desfrutar dos benefícios da modalidade. Pular corda e fazer aulas de jump são parte desse treinamento”, sugere Alexandre Filho. Segundo ele, por causa da grande solicitação cardiovascular e da alta demanda energética, de até mil calorias por hora, ainda ajuda a queimar gordurinhas. A adaptação do treino de uma atleta para uma ‘pessoa normal’ começa pela alteração da sobrecarga, que não é a mesma. “Torno o trabalho mais dinâmico, alterando a exigência que é pedida ao músculo. Na mesa extensora, por exemplo, que trabalha a extensão do joelho, faço de três ou quatro formas diferentes, alterando a velocidade e o peso”, explica Souza. O resultado é que o músculo trabalhará de formas variadas e ficará com um aspecto diferente. “Em minhas alunas que treinam há mais de dez anos dá para notar a diferença. O corpo é delineado e a musculatura é mais alongada”, garante Souza. O propósito de um treino desses é deixar os músculos densos e realmente fortes, sem aquele aspecto do fisiculturismo, em que os músculos ficam inchados porque retêm mais água. “Se você der um martelo para um cara do fisiculturismo arremessar, vai cair no pé dele. O cara pode ser imenso, mas não tem a mesma força de um atleta da modalidade”, diz o técnico. Outra característica marcante do treinamento do salto com vara são os exercícios de ginástica olímpica. “O salto tem uma fase acrobática, e é preciso força nos membros superiores. O resultado é uma proporcionalidade maior”, explica Souza. Tanto Yelena quanto Fabiana vieram da ginástica olímpica, mas ficaram com um biotipo que não as favorecia nas competições. Acabaram migrando para o atletismo, em que é preciso correr ou saltar - no caso do salto com vara, correr, saltar e ter um abdome forte, costas fortes e membros superiores desenvolvidos para permitir a realização do arco sobre o sarrafo. Fabiana e Souza continuam na Europa para as competições indoor até o fim deste mês.
matéria publicada jornal da tarde-caderno de TV